Existe
algo que a Previdência faz por seus funcionários - presente de madrasta má,
causa de desassossego, ela faz com que seus colaboradores trabalhem em vésperas
de feriado. Também nas emendas de feriados, e, muitas vezes no feriado em si.
Pouco importa
que seja véspera de Natal, dia 24 de dezembro, segunda-feira… Adivinhe qual o
único órgão público do planeta Terra que estará aberto? Trinta e um de dezembro?
Diga-me, para quê os funcionários devem se preparar e se alegrar para a chegada
de um novo ano? Nada disso! O INSS tem é que abrir as porteiras para que suas
agências fiquem cheias, cheias de vento. A quantidade de pessoas que procuram
esse órgão público, nas vésperas dos feriados nacionais, é ínfima, comparada a
quantidade de extraterrestres que visitam a Terra.
Se
não há público, por que então um órgão público abre nas vésperas de feriados, e
em suas emendas? Perguntaria um gestor inteligente, preocupado com o gasto de
recursos elétricos, hídricos e humanos consumidos nos prédios públicos, quando
esses estão abertos. A questão é essa, gestão inteligente e humanizada nem sempre combina com a “gestão” pública, por isso, obriga-se seus servidores a
cumprir horário, bater o ponto a contragosto, em dias nos quais ninguém
trabalha, atendendo a um ou outro pedinte que entra na agência para usar o
banheiro.
Já
perdi a conta de quantas vezes vi a agência vazia em dias assim, não adianta
abrir atendimento com hora marcada, os segurados faltam; não adianta a porta da
agência ficar aberta, com avisos luminosos e indicativos de “Entre!”, as ruas
ficam vazias, as cidades miadas. Ninguém quer extrato da previdência, tirar
dúvidas de aposentaria, ou ver como anda seu processo no dia que antecede o
Natal, o Ano Novo, a Páscoa, o Carnaval…
E
o mais interessante, não adianta por um monte de funcionários em seus postos de
trabalho em dias assim, a desmotivação é tamanha, a inveja do resto do mundo,
que está de folga, é tanta, e a concentração na vida pessoal continua. As
conversas, reclames, uso do celular e cafés viram o trabalhar, de dias que
ninguém tem cabeça pra trabalhar.
Demora mais que
o normal é verdade, o tempo passar com a agência vazia, mas, pelo dobro do seu
tempo ele passa e o fim do expediente chega. Dois passos fora do INSS, bastam
dois passos e já nos sentimos livres, livres pra sermos igual à maioria da
população e nos dedicar a comemorar o que a data festiva pede. Talvez o Peru
não fique bem assado, não cheguemos a tempo da virada no litoral, não haja mais
ovos de Páscoa no mercado, ou, não consigamos ir à missa da quarta-feira de
cinzas… Mas, “tudo bem!” afinal nossos gestores e dirigentes de Brasília
tiveram folga, e nós não temos o direito de reclamar, afinal no país do desemprego
quem tem emprego público deve ser feliz por obrigação.
LiriHá