sábado, 6 de janeiro de 2018

Feriado de m***a

            Existe algo que a Previdência faz por seus funcionários - presente de madrasta má, causa de desassossego, ela faz com que seus colaboradores trabalhem em vésperas de feriado. Também nas emendas de feriados, e, muitas vezes no feriado em si.


Pouco importa que seja véspera de Natal, dia 24 de dezembro, segunda-feira… Adivinhe qual o único órgão público do planeta Terra que estará aberto? Trinta e um de dezembro? Diga-me, para quê os funcionários devem se preparar e se alegrar para a chegada de um novo ano? Nada disso! O INSS tem é que abrir as porteiras para que suas agências fiquem cheias, cheias de vento. A quantidade de pessoas que procuram esse órgão público, nas vésperas dos feriados nacionais, é ínfima, comparada a quantidade de extraterrestres que visitam a Terra.

            Se não há público, por que então um órgão público abre nas vésperas de feriados, e em suas emendas? Perguntaria um gestor inteligente, preocupado com o gasto de recursos elétricos, hídricos e humanos consumidos nos prédios públicos, quando esses estão abertos. A questão é essa, gestão inteligente e humanizada nem sempre combina com a “gestão” pública, por isso, obriga-se seus servidores a cumprir horário, bater o ponto a contragosto, em dias nos quais ninguém trabalha, atendendo a um ou outro pedinte que entra na agência para usar o banheiro.

            Já perdi a conta de quantas vezes vi a agência vazia em dias assim, não adianta abrir atendimento com hora marcada, os segurados faltam; não adianta a porta da agência ficar aberta, com avisos luminosos e indicativos de “Entre!”, as ruas ficam vazias, as cidades miadas. Ninguém quer extrato da previdência, tirar dúvidas de aposentaria, ou ver como anda seu processo no dia que antecede o Natal, o Ano Novo, a Páscoa, o Carnaval…

            E o mais interessante, não adianta por um monte de funcionários em seus postos de trabalho em dias assim, a desmotivação é tamanha, a inveja do resto do mundo, que está de folga, é tanta, e a concentração na vida pessoal continua. As conversas, reclames, uso do celular e cafés viram o trabalhar, de dias que ninguém tem cabeça pra trabalhar.


Demora mais que o normal é verdade, o tempo passar com a agência vazia, mas, pelo dobro do seu tempo ele passa e o fim do expediente chega. Dois passos fora do INSS, bastam dois passos e já nos sentimos livres, livres pra sermos igual à maioria da população e nos dedicar a comemorar o que a data festiva pede. Talvez o Peru não fique bem assado, não cheguemos a tempo da virada no litoral, não haja mais ovos de Páscoa no mercado, ou, não consigamos ir à missa da quarta-feira de cinzas… Mas, “tudo bem!” afinal nossos gestores e dirigentes de Brasília tiveram folga, e nós não temos o direito de reclamar, afinal no país do desemprego quem tem emprego público deve ser feliz por obrigação.


LiriHá