terça-feira, 18 de julho de 2017

QUAL SERÁ O FUTURO DO SERVIDOR(A) DO INSS NO INSS DIGITAL?

É extremamente urgente que  nós servidores(as) façamos o debate sobre o INSS digital de forma aprofundada e não meramente superficial.


Para isso creio que é preciso primeiro partir das “obviedades”, a seguir :


-É óbvio que ninguém com o mínimo de bom senso é contrário a aplicação de soluções tecnológicas que visem a simplificar processos, agilizar, desburocratizar e otimizar os procedimentos de atendimento, de forma a melhorar a qualidade para o segurado e o processo de trabalho para os servidores.


-Também creio que não é menos óbvio que o INSS digital é um projeto inserido num contexto macro de ajuste fiscal e políticas de austeridade para a redução de custos, ou seja, não está sendo implementado simplesmente para “modernizar” o INSS nos marcos do “futuro”.


O INSS do “presente” tem praticamente metade do quadro funcional em vias de aposentadoria, sistemas lentos, inúmeras agências com instalações precárias, computadores ruins, escassez de manutenção, um orçamento reduzido e todo o resto que conhecemos bem.

O Brasil do "presente" , tem desregulamentação de direitos trabalhistas, terceirização ampla e irrestrita, inclusive para a administração pública e perspectiva de uma “reforma previdenciária” que pode colocar abaixo os pilares de tudo o que hoje conhecemos.

 No meio de tudo isso estamos nós servidores, que até hoje não temos uma carreira e muito menos algo que se enquadre nessa perspectiva desenhada pelo INSS digital, menos ainda para o teletrabalho, e nos garanta segurança para vislumbrar um “futuro promissor”.

Muito ouvimos falar em “valorização”, que com a implementação do modelo os servidores serão valorizados, eis que me vem à cabeça algumas questões:



1º- Em tempos de ajuste fiscal, terceirização ampla e desregulamentação de direitos trabalhistas (porque a fase de flexibilização já foi superada) o que nos garante que num futuro não muito distante a atribuição de reconhecimento de direitos, ou seja, de analisar processos não seja terceirizada ou até automatizada?


2º- Partindo da premissa que com o novo modelo os servidores terão sua eficiência destacada e com isso sua essencialidade reconhecida (tese defendida e propagada pela gestão), porquê conjuntamente com a urgência na implementação do modelo não está sendo tratada uma carreira que de fato nos garanta não sermos descartáveis nesse processo de modernização ?

3º -Qual será o papel do servidor do INSS no "INSS do  FUTURO" ?

4º- O que fazer para impedir o sucateamento de nossa categoria e dar uma alavancada na construção de uma carreira de fato (e de direito)?

Esses questionamentos servem apenas para alavancar o debate, sendo necessário frisar que temos um acordo de greve de 2015 que previa instauração de um comitê para tratar da carreira que até agora nunca saiu do papel. Temos sinalização da gestão sobre um adicional de qualificação que também nunca se materializou, dentre outras promessas que continuam prometidas e não cumpridas e inúmeros outros boatos que nunca se materializam em fatos.


Deixo aqui essas reflexões e espero que sirva para alavancar o debate.  

Thaize Antunes