A situação dos cofres públicos é dramática. Sem condições de
cumprir a meta fiscal deste ano, de deficit de até R$ 139 bilhões, o
Tesouro Nacional está suspendendo uma série de pagamentos e cortando o
que pode de despesas. A tesoura, inclusive, avançou sobre o Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), que pode suspender o atendimento em
até metade de suas agências espalhadas pelo país.
Segundo fontes, o Ministério do Planejamento cortou mais de 40% dos
recursos disponíveis para o funcionamento das agências do INSS. Há mais
de três meses, o presidente da instituição, Leonardo Gadelha, vem
conversando com o Planejamento em busca de uma solução, pois o dinheiro
disponível para manter os postos de atendimento abertos praticamente
acabou. Se nada for feito, nas próximas semanas, o INSS terá que
anunciar um plano especial para atender a população.
Diante da escassez de recursos, o Planejamento se mantém irredutível.
Mas a perspectiva de caos no atendimento do INSS pode levar o Palácio
do Planalto a intervir no assunto. Num momento em que o presidente
Michel Temer está a um passo de perder o mandato, o fechamento de
agências do INSS levará a população a pedir o fim imediato do governo,
dizem técnicos da Esplanada dos Ministérios. Será um desgaste enorme.
Num primeiro momento, a previsão do INSS é reduzir o horário de
atendimento a trabalhadores, aposentados e pensionistas. Depois, se nada
for feito, será anunciado o fechamento de postos menos procurados,
remanejando os atendimentos. A terceira etapa prevê o fechamento total
de pelo menos metade das agências. Não haverá dinheiro para nada, apenas
para pagar pessoal.
Um técnico do INSS diz que nunca viu uma situação tão dramática.
“Falta dinheiro para tudo. Estamos operando no limite da
irresponsabilidade. Não por acaso, as pessoas têm reclamado demais do
atendimento. O estresse é total”, ressalta. Para ele, o governo precisa
ver, urgentemente, o que realmente é prioridade, pois o corte de
despesas não pode ser feito de forma aleatória, sob o risco de revolta
da população que paga impostos pesadíssimos.
Brasília, 11h31min
Publicado em Economia
FONTE: Correio Braziliense