A falta de servidores do INSS
no Rio tem deixado segurados sem acesso atendimento e cobertura da
Previdência Social. Uma fonte ligada ao órgão informou que apenas na
Gerência Executiva Centro (Rio), dos mais de 600 servidores, cerca de
420, ou seja, 70%, estão aptos a se aposentar. Muitos já deram entrada
nos pedidos de aposentadoria e, como vários deles têm direito a
licenças-prêmio, esses funcionários solicitaram o afastamento à área de
Recursos Humanos, o que tem comprometido o atendimento.
Sem
servidores suficientes, quem precisa dos serviços enfrenta peregrinação.
É o caso da jornalista Kátia Carneiro, de 53 anos, que desde novembro
tenta requerer pensão por morte para sua mãe, a dona de casa Lygia da
Costa Carneiro, de 87, que depende da renda para a compra de remédios.
Ao tentar fazer o agendamento em novembro, semanas depois da morte do
pai, ela foi informada de que somente conseguiria uma data para pedir o
benefício em abril de 2018.
—
Liguei várias vezes para a central telefônica 135, e me informaram que
não havia datas disponíveis para os próximos meses. Eles me disseram que
era para eu ligar seguidamente para tentar agendar uma data, mas quando
consegui, foi apenas para abril. Achei esse prazo um absurdo e fiz
reclamações à Ouvidoria do INSS — contou Kátia.
A resposta da
ouvidoria sobre a dificuldade de se conseguir uma data confirma a falta
de servidores no órgão. Segundo o setor, o sistema de agendamentos (do
INSS) é aberto ininterruptamente, mas quando ultrapassa 180 dias sem
data disponível, é bloqueado automaticamente. As vagas, informa a
Previdência, são oferecidas de acordo com a capacidade de atendimento,
que diminui a cada dia por falta de funcionários.
“Não há mais
vagas para dezembro (já temos 6.893 agendamentos), janeiro (6.788) e
fevereiro (com 4.058 agendamentos impactados), ou seja, estão agendados
mas não há servidor para atender”, informou a Ouvidoria à segurada em
resposta à reclamação protocolada por ela no dia 14 de novembro.
A
falta de datas para atendimento no Rio tem feito segurados viajarem
para dar entrada em benefícios. A publicitária Laura Silveira, de 53
anos, que já tem direito à aposentadoria por tempo de contribuição, só
conseguiu uma data para pedir o benefício em um posto do Rio para julho
de 2018. Com a demora, preferiu fazer o agendamento em uma cidade do
interior do estado.
— Tentei fazer o agendamento no Rio pela
internet, mas só tinha data disponível para o segundo semestre de 2018.
Com essa demora absurda, consegui uma data para março, em Miguel
Pereira. Vou ter que viajar 120 quilômetros para dar entrada na minha
aposentadoria — conta.
O município do Rio conta com duas Gerências
Executivas do INSS (Centro e Norte), que fazem a gestão das Agências da
Previdência Social (APS) na cidade. De acordo com informações do INSS, a
gerência Centro concentra a maior parte das agências, com 20 postos de
atendimento, enquanto a Norte conta com apenas 10. Assim, com a grande
quantidade de servidores aptos a se aposentar na Gerência Executiva
Centro, o serviço ao segurado será diretamente impactado.
INSS informou apenas que “realizou um estudo técnico e constatou a necessidade de recomposição do quadro de servidores”.
Conforme
o EXTRA publicou ao longo de 2017, dar entrada no pedido de
aposentadoria ou outros benefícios do INSS, no Rio, foi exercício de
paciência para segurados que trabalharam durante décadas para conseguir
seus direitos. Em abril, por exemplo, o tempo de espera por uma data
para ir à agência chegava a sete meses. Em outubro, o tempo médio de
espera diminuiu, porém, os segurados ainda tinham que aguardar mais de
dois meses aspara conseguir agendar serviços nas agências do órgão.
Fonte: Extra
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