terça-feira, 19 de dezembro de 2017

INSS: falta de servidores afeta atendimento em agências

A falta de servidores do INSS no Rio tem deixado segurados sem acesso atendimento e cobertura da Previdência Social. Uma fonte ligada ao órgão informou que apenas na Gerência Executiva Centro (Rio), dos mais de 600 servidores, cerca de 420, ou seja, 70%, estão aptos a se aposentar. Muitos já deram entrada nos pedidos de aposentadoria e, como vários deles têm direito a licenças-prêmio, esses funcionários solicitaram o afastamento à área de Recursos Humanos, o que tem comprometido o atendimento.

Sem servidores suficientes, quem precisa dos serviços enfrenta peregrinação. É o caso da jornalista Kátia Carneiro, de 53 anos, que desde novembro tenta requerer pensão por morte para sua mãe, a dona de casa Lygia da Costa Carneiro, de 87, que depende da renda para a compra de remédios. Ao tentar fazer o agendamento em novembro, semanas depois da morte do pai, ela foi informada de que somente conseguiria uma data para pedir o benefício em abril de 2018.




— Liguei várias vezes para a central telefônica 135, e me informaram que não havia datas disponíveis para os próximos meses. Eles me disseram que era para eu ligar seguidamente para tentar agendar uma data, mas quando consegui, foi apenas para abril. Achei esse prazo um absurdo e fiz reclamações à Ouvidoria do INSS — contou Kátia.
A resposta da ouvidoria sobre a dificuldade de se conseguir uma data confirma a falta de servidores no órgão. Segundo o setor, o sistema de agendamentos (do INSS) é aberto ininterruptamente, mas quando ultrapassa 180 dias sem data disponível, é bloqueado automaticamente. As vagas, informa a Previdência, são oferecidas de acordo com a capacidade de atendimento, que diminui a cada dia por falta de funcionários.
“Não há mais vagas para dezembro (já temos 6.893 agendamentos), janeiro (6.788) e fevereiro (com 4.058 agendamentos impactados), ou seja, estão agendados mas não há servidor para atender”, informou a Ouvidoria à segurada em resposta à reclamação protocolada por ela no dia 14 de novembro.
A falta de datas para atendimento no Rio tem feito segurados viajarem para dar entrada em benefícios. A publicitária Laura Silveira, de 53 anos, que já tem direito à aposentadoria por tempo de contribuição, só conseguiu uma data para pedir o benefício em um posto do Rio para julho de 2018. Com a demora, preferiu fazer o agendamento em uma cidade do interior do estado.
— Tentei fazer o agendamento no Rio pela internet, mas só tinha data disponível para o segundo semestre de 2018. Com essa demora absurda, consegui uma data para março, em Miguel Pereira. Vou ter que viajar 120 quilômetros para dar entrada na minha aposentadoria — conta.
O município do Rio conta com duas Gerências Executivas do INSS (Centro e Norte), que fazem a gestão das Agências da Previdência Social (APS) na cidade. De acordo com informações do INSS, a gerência Centro concentra a maior parte das agências, com 20 postos de atendimento, enquanto a Norte conta com apenas 10. Assim, com a grande quantidade de servidores aptos a se aposentar na Gerência Executiva Centro, o serviço ao segurado será diretamente impactado.
INSS informou apenas que “realizou um estudo técnico e constatou a necessidade de recomposição do quadro de servidores”.


Conforme o EXTRA publicou ao longo de 2017, dar entrada no pedido de aposentadoria ou outros benefícios do INSS, no Rio, foi exercício de paciência para segurados que trabalharam durante décadas para conseguir seus direitos. Em abril, por exemplo, o tempo de espera por uma data para ir à agência chegava a sete meses. Em outubro, o tempo médio de espera diminuiu, porém, os segurados ainda tinham que aguardar mais de dois meses aspara conseguir agendar serviços nas agências do órgão.

Fonte: Extra

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